Quem está por dentro das novidades do surfe sabe que a piscina de ondas é uma tendência mundial. Essas piscinas estão atraindo surfistas profissionais e amadores.
Apesar da naturalidade das ondas do mar ser um chamativo, ter a oportunidade de surfar em ondas perfeitas é uma ótima forma de melhorar as habilidades. Além disso, a possibilidade de criar ondas por meio do uso da tecnologia é visto, por alguns amantes e profissionais do esporte, como um meio de democratizar os campeonatos.
Ainda existem opiniões diversas sobre a prática do surfe em piscinas de ondas artificiais, porém, a realidade é que o mercado está aquecido e é possível que cada vez mais elas sejam construídas.
A piscina de ondas é uma velha conhecida no surf
Por mais que pareça que o uso das piscinas de ondas seja recente, saiba que os surfistas já cogitavam a ideia de surfar em ondas artificiais desde os anos 80, quando ocorreu o Inland Surfing Championships na Pensilvânia, nos Estados Unidos.
Este foi o primeiro evento profissional da história em uma piscina de ondas. Devido aos poucos recursos tecnológicos da época, as condições eram precárias e os surfistas, é claro, sentiram muita diferença em relação às ondas do mar.
Este evento foi o pontapé inicial para que o esporte tivesse um outro olhar sobre as ondas artificiais. Na década de 1990, muitos empresários começaram a investir e buscar tecnologias que fizessem com que as ondas ficassem cada vez melhores, porém os resultados ainda não eram satisfatórios.
Nessa época, a Typhoon Lagoon, uma piscina de ondas de 13,6 metros, localizada no complexo da Disney, na Flórida, era destaque. Ela conseguiu atrair um grande público, realizando também um campeonato que teve como vencedor ninguém menos que Kelly Slater que, em 2015, soltou um vídeo surfando em uma onda artificial perfeitamente tubular, dando início a Surf Ranch.
Surf Ranch: a piscina de ondas de Kelly Slater
O projeto da piscina de ondas de Kelly Slater começou a ser idealizado em 2006. O objetivo central era utilizar uma tecnologia que fizesse com que a onda perfeita fosse criada. Todo o projeto teve a ajuda do engenheiro mecânico, especializado em mecânica de fluidos na Universidade do Sul da Califórnia, Adam Fincham.
Foi em 2015, que o projeto começou a ser colocado em prática e o vídeo postado por Kelly Slater fez com que os surfistas do mundo todo ficassem ansiosos com o que estava por vir. O projeto deu tão certo que não demorou muito para que a Surf Ranch virasse palco do primeiro campeonato mundial realizado em ondas artificiais, o Surf Ranch Pro.
A etapa aconteceu entre os dias 6 e 9 de dezembro de 2018 em Leemore, California. O campeonato conseguiu reunir grandes nomes do esporte, tendo como finalistas os brasileiros Gabriel Medina, que foi o campeão, e Filipe Toledo. Este campeonato foi um marco para a disseminação e modernização das piscinas de ondas, abrindo espaço para novos projetos ao redor do mundo.
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Características técnicas da Surf Ranch
A piscina apresenta 700 metros de comprimento por 150 metros de largura. As ondas podem atingir até 2 metros de altura, podendo ser programas para diferentes níveis de surfistas, dando a oportunidade de todos aproveitarem “a onda perfeita”.
O sistema que faz com que seja capaz de formar as ondas é o “Hydrofoil” ou Hidrofólio. Ele é composto por uma lâmina de metal, que está instalado nas laterais, fazendo um movimento de vai e volta por toda a extensão da piscina. Essa movimentação é feita por um sistema de trilhos, dotados de cabos de aço e mais 150 pneus de caminhão.
O hidrofólio tem um formato que, unido à velocidade com que ele movimenta a água, faz com que seja projetada a onda perfeita. Um ponto interessante é que a água é doce e o fundo da piscina é feito com um material que tem uma grande semelhança com os tapetes de yoga.
Após a onda ser formada e quebrada, um mecanismo dotado de amortecedores acalma a água, preparando a piscina para uma nova formação de onda.
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Valores cobrados
O uso de boas tecnologias, a aproximação da onda artificial com a real e a visibilidade do Kelly Slater fez com que o Surf Ranch se tornasse um espaço bastante procurado. Por isso, surfar nas ondas do Slater não é barato. Para um final de semana, o surfista irá pagar em torno de 6,5 mil dólares, o que é, aproximadamente, 36.500 reais na cotação atual (dezembro de 2021).
Vale ressaltar que o valor não inclui hospedagem e passagens aéreas, apenas a entrada e a alimentação.
Ondas artificiais no Brasil e no mundo
Hoje em dia, os surfistas podem aproveitar um pouco mais das ondas artificiais, pois cada vez mais novos surfs parks e tecnologias estão sendo criadas. Vamos conhecer um pouco mais:
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Surf Lake - Austrália
Ela foi apresentada em 2018 pelo australiano Mark Occhilupo, deixando muitos surfistas animados pela aproximação da onda com a realidade do mar.
A piscina está localizada em Yeppoon, na Austrália e o que mais chamou a atenção, além da proximidade com a realidade, foi o sistema utilizado para gerar ondas. A Surf Lakes apresenta um êmbolo gigante, colocado no meio de um lago, que é capaz de bombear e criar ondas num raio de 360 graus.
O projeto foi idealizado para que sejam produzidas cinco tipos de ondas, de diferentes níveis e de forma simultânea. Desse modo, os surfistas encontram desde “beach breaks”, voltada para os iniciantes, até “point breaks”, que são ondas mais rápidas, tubulares e direciona para os mais experientes.
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Surfland Brasil
A Surfland Brasil está localizada na cidade de Garopaba, no estado de Santa Catarina. A construção começou em 2020 e está com previsão de entrega para 2022. Além de outras atividades disponíveis, o projeto conta com uma piscina de ondas artificiais, que estão sendo construídas com a tecnologia espanhola Wavegarden.
De acordo com o site oficial, serão 150 metros perfeitamente surfáveis, dando a oportunidade de surfar por 16 segundos sem parar. Também será composta por nove tipos de ondas diferentes e que podem chegar até 1,90 metros de altura. A piscina apresenta 25 mil metros quadrados e tanto surfistas profissionais quanto amadores podem aproveitá-la.
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Praia da Grama - Brasil
Esta piscina de ondas artificiais fica na cidade de Itupeva, a 70 km de São Paulo. A praia artificial tem 22 mil metros quadrados e a tecnologia utilizada também é a Wavegarden, podendo gerar ondas de até 2 metros de altura, tendo um intervalo de oito segundos entre elas.
Na Wavegarden Cove 2.0, o surfista pode contar com quatro áreas dentro da enseada, sendo duas de recife e 2 de baía. O nível de dificuldade é modificável e a piscina é capaz de produzir mais de 30 tipos de ondas.
Alguns surfistas profissionais já testaram as ondas, como Gabriel Medina, Ítalo Ferreira, Adriano de Souza e Caio Ibelli. Além disso, a Praia da Grama também foi palco da Grom Search, primeira competição oficial do Brasil disputada em piscina de ondas artificiais. O evento conseguiu reunir os maiores talentos sub-16, tendo uma apresentação especial de Gabriel Medina no fim do campeonato.
Até o momento, a Praia da Grama está disponível apenas para os moradores do condomínio.
O que esperar do futuro do surf?
Mesmo que ainda exista muita discussão em relação ao uso de ondas artificiais, é provável que aconteçam cada vez mais campeonatos nessas piscinas. O ponto positivo é que as ondas artificiais dão a oportunidade de os surfistas treinarem, mesmo estando longe do mar.
Além disso, a possibilidade de gerar ondas com características específicas pode facilitar os campeonatos, pois o mar é imprevisível e muitas vezes o surfista perde a chance de mostrar todo o seu potencial devido às condições das ondas formadas de forma natural.
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